sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A ESSÊNCIA DA ANGÚSTIA


                     ANGÚSTIA: A palavra tem origem no grego “anxius “ou angor, significando “ aperto, estrangulamento,  Impossibilidade de respirar”;  é a sensação que domina quando nada de concreto permite pensar que vá ocorrer um infortúnio, e apesar disto o indivíduo o teme; é a falta de compreender-se; é o preço que se paga pela lucidez; é o estado de melancolia que melhor a representa quando não é ainda delirante, não é ainda perseguida e persecutória, quando tudo está confuso e tão negro na ausência total de saída e na culpa que invade o campo da consciência; é um sinal de desejo de significado; é uma forma de descarga das excitações sexuais acumuladas; é resultado da transformação da libido; é definida como sinal dado pelo Eu de perigo; é o momento em que o ser-humano se vê diante de si e diante do mundo; é uma abertura para acolher...não tem causa do mundo,  é sua!; é aquilo com que a angústia se angustia é o nada e isso retira do homem a possibilidade de decair; revela o poder-ser-mais-próprio, o ser livre para a para assumir; é está estranho; estranheza é o “não se sentir em casa”;  o que ameaça é a sua relação com o mundo; é  se sentir envolvido em seu próprio mundo, como em um meio conhecido, esse caráter do mundo circundante se invertem, dissolvem-se as relações que tem o homem com as coisas, com os demais homens e inclusive com seus valores e crenças pessoais; é a vida, que  antes cheia de sentido e rica de colorido, converte-se em problemática, obscura e ameaçadora, enfim, se sente um estrangeiro em seu próprio mundo; é o excesso de prazer, “o que encontra descarga na geração da ansiedade é precisamente o excedente da libido não utilizada”;  é a angústia que causa o recalque; “a ocorrência de uma situação traumática; e a essência disto é uma experiência de desamparo por parte do ego, face de um acúmulo de excitação, quer de origem externa, quer interna, com que não se pode lidar”;  é a resposta do ego à ameaça de uma situação de perigo”; é a separação ou perda de um objeto amado, perda ou separação que poderá, de várias maneiras, conduzir a um acúmulo de desejos insatisfeitos e dessa maneira a uma situação de desamparo; é uma reação à perda sentida do objeto e ao medo de sermos separados de um objeto altamente valioso; é o excesso de satisfação que não deixa a falta surgir; é falta da lei, na falta de limite, no momento em que a falta falta, instala-se a angústia no sujeito, e tudo o que o indivíduo está fazendo é aumentar a distância entre ele próprio e o que o está ameaçando;  “ele não está preparando para defender-se contra ele ou tentando alterar algo a respeito dele”; à falta, à privação, e o que é então desenvolvido não é senão o paradigma do vício, droga, tabaco, álcool, dinheiro, beleza, etc. O sujeito angustiado teme mais que tudo sentir falta da falta. O que ele não pode confessar é que teme ao mesmo tempo ficar angustiado e sentir falta da angústia. Pois esta se torna para ele um modo de estar no mundo, se verifica em primeiro lugar a própria existência. Este sintoma tem sua formação no inconsciente e aparece para “proteger” o sujeito de uma possível situação de perigo. Ele funciona ainda como um substituto da satisfação pulsional, uma vez que descarrega parte da libido que não pôde ser descarregada.  Angústia existencial–Éuma inquietação permanente que brota dos níveis mais profundos do ser, relacionada com a dolorosa ignorância a respeito do futuro (sentido da vida). Angústia neurótica-Está muito mais relacionada com a vivência da morte entendida esta como desagregação física: Intra-psíquica. Escorre da luta (conflito) entre os diversos níveis da personalidade (vital, anímico e espiritual) face a vivências íntimas. Extra-psíquica. Emerge diretamente da relação do homem com o mundo, da forma como o homem responde às situações limite (Jaspers) que ele não pode ultrapassar. Uma das faces da angústia neurótica relaciona-se com a dinâmica relacional Homem –Mundo (modo de resposta às “situações limite”). Uma destas situações é a morte. Cada um se relaciona com ela de forma específica e de acordo com o seu “estar no mundo”. A ANGÚSTIA rasga, lentamente, caminhos de dor por todos os planos do ser, empapando todo o pensar e todo o sentir.  A angústia designa um mal-estar psíquico, mas também físico — sensação de aperto na região epigástrica, de bolo na garganta, com palpitações, palidez, impressão de que as pernas vacilam, dificuldade para respirar, em suma, afeta o corpo; surge quando a liberdade se apresenta como possível, mas nada a assegura”;  é um alarme face ao perigo da completude, da obturação, sinal de que nos desviamos da boa direção. TRISTEZA, ANSIEDADE, DEPRESSÃO, MEDO (forma imprópria da angústia),INSEGURANÇA, DESESPERO.

                O nascimento seria o momento inaugural da angústia, protótipo de todas as situações ulteriores de perigo, primeiro trauma que, ao lançar o sujeito numa vivência de desamparo, acarretaria para o eu um excesso de quantidades de estímulo impossível de ser descarregadas. "A situação de não satisfação na qual as quantidades de estímulo se elevam a um grau desagradável sem que lhes seja possível ser dominadas psiquicamente ou descarregadas deve, para a criança, ser análoga à experiência de nascer - deve ser uma repetição da situação de perigo" (...); "É a ausência da mãe que agora constitui o perigo, e logo que surge esse perigo a criança dá o sinal de angústia, antes que a temida situação econômica se estabeleça". A situação de sentir falta da mãe é traumática caso a criança esteja sentindo uma necessidade passível de ser satisfeita pela mãe e conclui que o primeiro determinante da angústia seria a "perda de percepção do objeto (equacionada com a perda do próprio objeto)“(...) "O outro é castrado, eu posso vir a ser".  Depende de quanto ele possa abrir mão de um gozo em seu narcisismo para suportar não responder do lugar do outro, do semelhante, do lugar de reciprocidade, para não bancar o canalha e encarnar a função do Outro em seu eu.

                A ANGÚSTIA  é um afeto que não é recalcado; desamarrada de seus significantes, ela fica à deriva enlouquecida e enlouquecendo o sujeito quando este não dispõe do recurso do simbólico para lidar com ela. O que provoca a angústia é tudo aquilo que nos anuncia, que nos permite entrever que voltaremos ao colo.  (...) O que há de mais angustiante para a criança é, justamente, quando a relação com base na qual essa possibilidade se institui, pela falta que a transforma em desejo, é perturbada . (...) Não se trata de perda do objeto, mas da presença disto: de que os objetos não faltam".  Ele pode ser identificado sob a forma de "fragmentos" parciais do corpo, redutíveis a quatro: o cíbalo, o mamilo, a voz e o olhar. "São objetos anteriores à constituição do status do objeto comum, comunicável, socializado. O objeto que provoca a  ANGÚSTIA no neurótico é o desejo do Outro enquanto exige que o sujeito apague seus limites, entregando-se(-lhe) de forma incondicional. Ameaça a que o ser falante, na impossibilidade do recurso simbólico, responde com angústia que,  tanto tem a função de sinal como de uma interrupção na sustentação da libido. Havendo um corte na libido, resta a pulsão de morte desamarrada, gozo desmedido, sem amarração simbólica, comparável por Freud à dor. A ANGÚSTIA tem inegável relação com a expectativa: é angústia por algo; o desejo do outro. “ . Eu te desejo, mesmo que eu não o saiba ; Eu te amo mesmo que tu não o queiras;  A Angústia surge quando um mecanismo faz aparecer qualquer coisa no lugar do falo e, quando alguma coisa aparece lá, é que a falta vem a faltar. 






*Resultado de pesquisa em busca da essência da angústia por DOURISVAL DE FREITA CINTRA.

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