quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A ESSÊNCIA DA ADOLESCÊNCIA

            ADOLESCER:  palavra originária do latim e significa “crescer”; tornar-se maior. O ADOLESCENTE é uma pessoa, à ADOLESCÊNCIA é um conceito” ... “a adolescência é como um segundo parto: o filho nasce da família para entrar na sociedade”... “homicídio simbólico” dos pais isto é transformar as imagens internalizadas dos pais que vinham da infância; separação progressiva dos pais; ele começa a se desligar dos pais para construção de sua independência  emocional. Para crescer é preciso mobilizar aspectos agressivos já que crescer é ocupar o lugar de alguém.       

                 A visão do próprio adolescente sobre si não é tão negativa, rebelde e destrutiva como seria de esperar pelos mitos desta fase da vida. Os aspectos considerados importantes continuam sendo a família , a religião e a escola como lugares de formação moral e intelectual. O isolamento, muitas vezes, é utilizado pelo adolescente como momento de reflexão e elaboração da adolescência. Parece que as significações, conceitos que lhe serviram na infância não estão servindo mais. Os pais e as instituições não fazem sentido. Para onde ir é a questão principal. A impulsividade adolescente determina que agora é o momento de uma virada radical. Esquecer o que foi aprendido e sentido é a ordem. Isto se faz com boas doses de agressividade e arrogância. Os conselhos paternos são rejeitados posto que ninguém aprende pela experiência do outro.

                É comum, os adolescentes andarem em bando para se defenderem do medo de enfrentar o mundo, uma defesa paranóide contra um possível ataque. Na verdade, ainda não fazem parte de um grupo, ainda são indivíduos isolados. Percebermos que com o amadurecimento e dependendo dos agrupamentos que fazem, alguns se transformam em um grupo e vão se acompanhar por um longo período da vida. Se na infância a presença dos pais é sentida como geradora de sentimentos de segurança e protecção agora esta presença produz sentimentos ambivalentes de tensão, excitação e mal-estar. O desejo de originalidade marca um distanciamento em relação ao passado e aos pais, instala-se a busca de uma identidade própria, através de novas e diferentes identificações.  Necessitam de se sentir idênticos aos outros (diferentes dos adultos, mas semelhantes entre si) para aliviarem a sua angústia, para construírem um sentimento de segurança e confiança em si mesmos, para se situarem num contexto em transformação. Marcar o corpo é uma forma de apropriação e autonomia perante os pais, é uma forma de distinguir o corpo actual do corpo que receberam, o corpo infantil.  É uma forma de fabricar uma identidade a partir de sentimentos de insuficiência a ser corrigida.

                ... direi que considero normal que um adolescente se comporte durante um longo período de maneira incoerente e imprevisível; que se oponha a seus impulsos e os aceite; que consiga evitá-los e se sinta submetido a eles; que ame seus pais e os odeie; que se rebele contra eles e que dependa deles; que se sinta envergonhado de reconhecer sua mãe frente aos demais e que, inesperadamente, deseja de todo coração falar com ela; que busque a imitação e a identificação com outros, enquanto busque sem cessar sua própria identidade; que seja idealista, amante da arte, generoso e desinteressado como nunca voltará a sê-lo, porém será também o contrário, egocêntrico, egoísta e calculador. Estas flutuações entre extremos opostos seriam altamente anormais em outra etapa da vida; (...) Na minha opinião é necessário dar-lhe tempo e meios para que elabore as suas próprias soluções. Talvez sejam seus pais que devam receber ajuda e orientação... Existem poucas situações na vida que sejam mais difíceis de enfrentar que a de um filho ou filha adolescente que luta por liberar-se...“É normal que o adolescente se comporte de maneira inconsciente e imprevisível. Lutar contra os seus impulsos e aceitá-los; amar os seus pais e odiá-los; ter vergonha de os assumir perante outros e querer conversar com eles; identificar-se e imitar os outros enquanto procura uma identidade própria. O adolescente é idealista, artístico, generoso e altruísta, como jamais o será novamente, mas também é o oposto: egoísta, calculista, egocêntrico.”  ANNA FREUD, filha do famoso psicanalista Sigmund Freud. 

                “Na puberdade, quando o instinto sexual faz as suas primeiras exigências, o antigo objeto familiar incestuoso é retomado de novo e carregado de libido (…). A partir daí, o indivíduo humano tem de dedicar-se à tarefa de se separar dos seus pais, e, até que esta tarefa não esteja cumprida, ele não pode deixar de ser criança e não pode tornar-se membro da comunidade social. Para o rapaz a tarefa consiste em separar os seus desejos libidinais da mãe empregando-os na escolha de um objeto de amor exterior” (FREUD, 1917, citado por FLEMING, 1997, p. 44)

                A cura da adolescência vem com o passar do tempo e do gradual desenrolar dos processos de amadurecimento, estes, de fato conduzem ao final, ao aparecimento da pessoa adulta.  Os processos não podem ser acelerados nem atrasados, mas podem ser  invadidos, destruídos e definhar internamente, no caso do distúrbio psiquiátrico". “O adolescente não quer ser compreendido. Os adultos devem guardar para si o que chegaram a compreender sobre a adolescência(...), pois é um período da vida que deve ser vivido e é essencialmente uma época de descoberta pessoal.

                “... Os jovens são apaixonados, irascíveis e tendem a se deixar levar por seus impulsos, particularmente os sexuais, e neste sentido não conhecem a continência. Também são volúveis, e seus desejos inconstantes, além de transitórios e veementes. Levam tudo ao extremo, seja amor, ódio ou qualquer outra coisa. Acham que sabem de tudo...”   Aristóteles, 384-322 a.C.

                “Não vejo esperança para o futuro do nosso povo se ele depender da frívola mocidade de hoje, pois todos os jovens são, por certo, indizivelmente frívolos... Quando eu era menino, ensinavam-nos a ser discretos e a respeitar os mais velhos, mas os moços de hoje são excessivamente sabidos e não toleram restrições”. (Hesíodo, séc. VIII a. de C.).

                “A juventude de hoje ama a luxúria, comporta-se mal e despreza a autoridade, mal respeita os idosos e ama de uma maneira superficial em vez de trabalhar” Sócrates 450 a.c.


"Resultado de pesquisa em busca da essência da adolescência por DOURISVAL DE FREITAS CINTRA"

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